(KKKKK isso aqui é uma ONESHOT que fiz há uns milênios, quando teminei de ler The Hunger Games, espero que gostem ;3)
DISTRITO 2
Acordo
de manhã sentindo meu corpo pesado com o esforço do dia anterior, em meu
Distrito 2, de Maçonaria, o trabalho de construção chega a ser muito cansativo
e pesado dependendo de como for aplicado...
-Você
é tão fraca que me dá náuseas! Levanta logo garota! –Meu irmão querido veio me
chamar para tomar café com a mesma gentileza de uma mula, no meu dia-a-dia.
Levanto
e me olho no espelho. A mesma cara todos os dias, o mesmo cansaço todos os
dias, as mesmas pessoas todos os dias. Mas hoje, isso vai mudar. Hoje tem a Colheita
de pessoas para os Jogos. Espero que não me escolham. Sou muito fraca ainda...
Odeio admitir, mas meu irmão Zac tem razão.
-Ah,
aí está você, porquinha. –Ele me fuzila com o olhar quando sento a mesa e como
sem prestar atenção no que está sendo servido. E ao contrário do que pensem,
‘porquinha’ não é nenhum apelido carinhoso...
-Cala
a boca, Zac, me deixa em paz uma vez na sua vida miserável, pode ser? –Estou
farta dele sempre tirar sarro de mim!
Ele
se surpreende. Nunca, em meus quatorze anos de vida respondi ele dessa maneira.
Termino de comer e saio de casa. Passa um tempo, e a hora de escolher os
participantes, um menino e uma menina, para os Jogos chega... Depois de me
arrumar, e implorar por menos bondade quando Zac me pede ajuda para ajeitar a
gola de sua camisa social, que eu penso em esganá-lo; chego à praça, um vestido
azul-acinzentado e botas de mesma cor compondo minhas vestimentas. Uma amiga de
meu irmão, Myna, está ao meu lado, me provocando. Continuo quieta. Quando
percebo, o senhor que está tirando os nomes, acaba escolhendo primeiro as
meninas...
-Vamos
lá, vamos lá... E o primeiro nome é... –Paira
um suspense longo enquanto ele pega um papel e desdobra, lendo o nome nele... –Zoey
SevenSeas. –O senhor diz triunfante, e todos ao redor olham para mim.
-O
quê? A estranha foi escolhida? –Myna reclamou ao meu lado.
Ando,
com passos lentos em direção ao palco. Ele me ‘abraça’ e diz para eu esperar chamar
o nome masculino. Sinto cheiro de bebida em seu casaco.
-Agora
os meninos. –A mão do senhor entrou no pote dos nomes masculinos. –Vamos ver
quem vai para a Arena com a nossa Zoey... –Desenrolou o papel. –Derek Sanchez.
E
o grupo de pessoas, até então ‘quietas’, pareciam agora um bando de mortos, o
silêncio agora era arrasador. Derek é um cara um pouco mais alto do que eu,
cabelos negros como a noite, olhos verdes, pele morena, forte... Enfim, bonito.
Nunca nos falamos direito. Acho até que a única vez que trocamos mais do que um
‘oi’ ou ‘hm’ foi quando éramos novos, ainda assim, sei quase tudo sobre ele,
gosto dele, mesmo, só que ele nunca deve ter ligado pra mim, então ninguém
precisa saber disso... Derek anda calmamente, me olhando nos olhos. O senhor o
estaciona ao meu lado esquerdo. Zac, na multidão, olha para mim com algo que...
Seria pena?
Após
essa leve dose de acontecimentos estranhos, me permito chorar, mas só após
estar em meu quarto no trem. A viagem estava sendo tranquila até Derek decidir
vir me ver. No MEU quarto.
-Zoey.
–Ele bateu leve na porta.
-Derek..?
–Abro a porta do quarto. –O que está fazendo aqui... –olho o relógio- AS OITO
HORAS DA MANHÃ??
Ele
pede silêncio colocando seu dedo indicador nos meus lábios. Concordo com a
cabeça e permito que entre. Senta no chão ao lado da minha cama e me olha.
-Você
andou chorando. –Diz por fim.
-Sim,
nem tenho certeza do por que... –Admito.
-E
o seu namoradinho? –Isso em sua voz... Seria ciúmes?
-O
Kevin? É só um amigo meu e eu não o vejo desde ontem à tarde, no trabalho...
Nunca senti nada por ele desse tipo.
-Você
sabe o porquê dessa minha cicatriz na bochecha, Zoey? –Ele apontou para uma
cicatriz pequena em sua bochecha direita, abaixo do olho.
-Não.
-Porque
seu irmão fez um bando de moleques ficarem ofendendo algumas pessoas. Não reagi
quando ele ofendeu seu amiguinho, mas quando o alvo das ofensas mudou para
você...
-Onde
quer chegar, Derek..? –Já sei para onde se seguia o rumo da conversa.
-Se
nós formos escolhidos para a Arena, e só sobrar nós dois, não hesite em me
matar. Acho que só você poderia me matar mesmo... –Ele levantou, veio em minha
direção e me pôs contra a parede. –Já sabe o que é, certo?
-Não
tenho certeza. Não te conheço, mas você teoricamente me... Ama..?
-Pior,
que é por aí mesmo. –Ele sorri sem graça. –Você não me conhece, mas a protegi
do seu irmão e seu bando por quase todos esses últimos cinco anos...
-Desde...
A minha cicatriz nas costas... Certo? –A lembrança me causa arrepios.
-Sim...
–Ele corou de súbito.
-O
que foi? –Eu ainda estava presa contra a parede, e até tenho uma ideia de o que
poderia ser, mas...
-Posso..?
–Ele olhou para meus lábios. Ele tem quinze anos, mas agora parece com um
menino de doze, sorrindo e nervoso com um simples beijo.
Eu
assenti, devagar, com o coração saltando pela boca. Foi um beijo terno, mas
quente e... Bom... Abri minha boca quando ele pediu passagem. Foi maravilhoso,
nem sei o porque, eu nem amo ele... Okay, acaba por aqui. Empurro um pouco seu
tórax, e ele sai de perto, hesitante, e me olha como quem pedi-se mais.
-Nem
vem, temos da chegar a Capital e treinar como loucos. Sem romances até estarmos
garantidos. –Eu disse, forçando um sorriso.
-Sim...
–Ele me dá um selinho. –Mas não prometo nada. Só a sua segurança. –Sorri
triunfante, olhando para mim. –Sabe, você deveria usar mais o cabelo solto. –Tira
o elástico que prendia meu cabelo num coque baixo. –Fica melhor assim.
Expulso
ele do quarto para me trocar. Pego qualquer coisa do armário e saio para tomar
o café, mal presto atenção no que eu como, eu gosto mesmo é da paisagem vista
pela janela, Derek senta a minha frente com o instrutor do nosso Distrito.
Conversando sobre algo relevante na Arena. Nada muito peculiar, eu acho.
Ao
chegar à Capital, sou transportada para o Centro de Transformação. Eles vieram
me avaliar e tomar conta da minha aparência, ajeitaram minha sobrancelha e
minha pele, cortaram meu cabelo e lavaram ele, por algum milagre não fizeram
nada com meu corpo. ‘Ele está bom do jeito que está’, me disseram.
Depois
um estilista veio me ver, avaliar meu corpo e criar uma roupa. Ele diz que
tinha algo especial pronto para mim e Derek. Mais tarde, encontro meu parceiro,
já vestido, assim como eu. Nossas roupas são um tipo de armaduras de Deuses
Nórdicos, eu sou Friegh, e Derek é Thor. Entramos em pares, na carruagem
conduzida por cavalos, pela Avenida dos Tributos, passando pelo Presidente Snow
e por outros oficiais do governo. As ruas estão abarrotadas de gente e a
multidão enlouquece quando vê os primeiros tributos.
Os
trajes do primeiro par são extravagantes, contendo plumas, joias, brilhos e
mais brilhos... Eu e Derek chamamos muito a atenção, olho para mim na ‘TV’...
Não acredito que sou eu, meus cabelos castanhos escuros estão soltos, ondulados
e brilhantes, meus olhos quase negros têm um brilho prateado em volta, e minha
pele está limpa. Derek também está estonteante, seus cabelos negros como a
noite estão meio descabelados, mas não de um jeito arrepiado, e sim de um jeito
que deixa seu look nórdico completo, sua pele morena contrastou bem a armadura
dourada, e o fato da armadura ser aberta em seus braços o deixou parecendo mais
forte. Os outros looks não me interessaram em nada, pareciam simples demais
comparados com o nosso.
Depois
dos tributos chegaram ao Círculo da Cidade, as atenções se voltaram para o
presidente Snow. Ele está no alto do pódio, na entrada da avenida e inicia seu
discurso.
-Bem
vindos. –Aplausos veem da plateia. –Tributos! Nós lhe damos as boas vindas. Nós
os saudamos por sua coragem e seu sacrifício, e desejamos a todos... Feliz
Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre a seu favor.
A
multidão vai à loucura. Agora todos estão de pé, batendo os pés e aplaudindo
fervorosamente – conforme o som chega ao ápice febril, nós tributos,
desaparecemos rumo ao Centro de Treinamento. As portas se fecham atrás de nós,
ruidosamente.
O
Centro de Treinamento é um ginásio gigantesco e aberto. Luzes fortes iluminam a
área do alto. O espaço cavernoso ecoa com um som de gemidos e o tilintar de
armas. No canto, Derek e alguns tributos se dedicam ao combate mano a mano com
um treinador de armadura. Eu estou na área de herbologia. Atala, a treinadora
principal nos reúne assim que chegamos,ao centro, onde explica as regras.
-Nada
de lutar entre si. Vocês terão tempo de sobra para isso na Arena. Meu conselho
é que vocês não ignorem as técnicas de sobrevivência. Vinte e três de vocês
morrerão. Um sairá vitorioso. –Derek me olha e lança um sorriso nervoso. –Quem
será essa pessoa vai depender da sua habilidade de se antecipar aos problemas.
Todos querem pegar uma espada, mas muitos de vocês morrerão de causas naturais.
Dez por cento morrerão de infecção. Vinte por cento de desidratação. Houve um
ano em que a Arena foi uma planície congelada. Há anos foi um deserto
escaldante. Estar exposto a isso pode matá-lo com a mesma facilidade de uma
faca.
Dito
isso ela sopra seu apito. O treinamento começou. A maioria dos competidores
está no mano a mano. Outros estão no corredor polonês. Eu estou nas armadilhas
e logo irei para a camuflagem. Derek estava nas cordas e agora está nos pesos.
Eu gosto de treinar aqui, mesmo que seja estranho, pois posso morrer logo, mas
gosto daqui. O tempo passa razoavelmente rápido, e agora já estou treinando
pontaria com facas de treinamento.
Em
algumas horas, tanto eu quanto meu parceiro estamos em nossos aposentos, no
Centro de Treinamento. Às vezes precisamos arranjar um tempinho para nós
mesmos. Gosto de discutir estratégias com Derek. Meu quarto deve ter todas as
conveniências as Capital: chuveiro de alta tecnologia, um secador de corpo inteiro,
para depois do banho, e um armário cheio de roupas elaboradas para agradar a
todos os gostos.
Os
tributos geralmente jantam com seus mentores e estilistas, mas ignoro a todos,
só aproveitando o tempo que ainda tenho. A Capital oferece banquetes fartos,
com os melhores alimentos que Panem tem a oferecer. Sushi exótico, purê de
batatas, vinho, fatias de melão roxo, chocolate quente... Somos servidos por
empregados Avox.
Logo
chegaram as Sessões Individuais... Os Idealizadores dos jogos geralmente têm
uma boa noção de nós a partir do treinamento em geral, porém a parte mais
importante do treinamento são as Sessões Individuais. Temos um rápido período
sozinhos no ginásio para mostrar aos Idealizadores dos jogos o que conseguimos
fazer.
Sou
o terceiro tributo a entrar. Vejo sala de treinamento cheia dos objetos
habituais, e os Idealizadores observando cada passo meu, parece que esperam que
eu erre. Mas penso no que fazer. Pego as facas de treinamento e jogo nos alvos
distantes. Devem estar a quase trinta metros de mim. Grande partes das facas
acerta o tórax do alvo, mas algumas acertam sua cabeça. Os Idealizadores batem
palmas, me avaliam, conversam entre si... Sou liberada da sala, o próximo é
Derek.
Só
o vejo novamente mais tarde, e ele contém um sorriso triunfante. A nossa equipe
do Distrito 2 – Nosso mentor, o representante de nosso Distrito, nosso
estilista e nós – nos reunimos na sala de estar. Como sempre, um Avox se mantém
por perto, pronto para nos servir, mas nossa atenção pertence a televisão. A
julgar pela postura de todos, afirmo que estão tensos.
Nossas
notas são: Zoey (eu) 10, e Derek, 9. Numa escala de 0 a 12, estamos bem. São
notas que podem nos ajudar na Arena. Todos aplaudem. Caesar Flickerman continua
dando as notas. Nenhuma nota é melhor do que a nossa. E logo vem as
entrevistas...
Fico
nervosa. Não sou de relaxar na frente de muita gente. Como sempre, nosso
anfitrião da noite é o inigualável Caesar. Com seus cabelos tingidos, sua marca
registrada, e seu terno cintilante, ele é habilidoso em ajudar tributos a
relaxarem. Uma garota tímida do Distrito 7 conseguiu relaxar rapidamente com
Caesar nos últimos Jogos. Ele realmente sabe lidar com o público.
Agora,
Caesar começa a falar da abertura dos Jogos Vorazes com um grande sorriso. As
luzes iluminam o palco, resplandecente. Meu vestido preto com adornos e
detalhes em prata e dourado vai me deixar parecendo uma lâmpada. Nós tributos
estamos embonecados no vestiário dos bastidores, depois entramos em fila,
teoricamente ansiosos por nossa entrevista.
A
primeira tributo a entrar é uma garota do Distrito 1, como sempre, começa pelo
Distrito de menos número. Depois vai seu parceiro, este, não parece muito
inteligente, nem sei como vai sobreviver na Arena... Depois sou eu...
-Que
vestido lindo... Você está estonteante com ele... –Derek disse rente ao meu
ouvido antes de que eu entrasse na entrevista.
Me
sentei no sofá ao lado do entrevistador brilhante e ele apenas sorriu enquanto
todos aplaudiam.
-Você
e seu amigo fizeram uma entrada e tanto na cerimônia de abertura. Poderia nos
contar a respeito? –Caesar começou a entrevista.
-Ah,
bem... Sinceramente, eu não sei o que fizeram em mim, mas acho que aquela não
era eu, não acreditei que estivesse bonita, muito menos estonteante como
estava. –Falei sincera.
-Ora,
como assim, Zoey? Não se acha bonita? –Ele riu.
-Sendo
honesta? Não. –Ele olhou para mim. –Nunca me achei atraente.
-Vamos
ver o que todos acham, -olhou para a plateia- então meus queridos, ela é
atraente?
A
multidão soltou um ‘SIIIIIIIMMM’ no meio de urros e berros incentivadores.
-Acho
que isso pode tranquilizá-la, Zoey querida, você é linda de nascença. Mas vamos
ver... E sua vida amorosa? Tinha algum namorado lá no seu Distrito?
-Não,
meu irmão Zac conseguia fazer com que todos me odiassem por algum motivo, então
mesmo se eu acabasse demonstrando interesse por alguém, ele me rejeitaria.
-Isso
é horrível! –A plateia concordou. –Mesmo assim, de quem você gostava? Acho que
depois de você ganhar esse troço você poderá sair com o rapaz, não terá como ele
discordar!
-Ah...
Meio que eu só gostei de duas pessoas no meu Distrito. –Pelo canto do olho vi
como Derek se incomodou com isso. –Uma delas ficou contra mim quando meu irmão
contou a ela o que eu sentia, seu nome é Solomon. E a segunda pessoa que quem
eu gosto... Por acaso, foi escolhido para vir comigo na Colheita. Não acho que
vencer vá me ajudar.
A
câmera fez um close no rosto de Derek, que corou rapidamente com a minha
afirmação.
-Ora,
ora, temos um casal desafortunado aqui esse ano... Bem, querida, queria fazer
mais perguntas, mas seu tempo acabou. –Me levantou e todos aplaudiram.
O
próximo foi o Derek.
-Bem
Derek, amigo, você recebeu uma declaração de sua parceira, o que acha disso?
–Caesar perguntou.
-Maravilhoso
que ela sinta o mesmo que eu, mas tenebroso pelo o futuro que nos espera.
–Respondeu.
-Então
são realmente um casal de amantes desafortunados... Então, ela não se acha
atraente em nada, o que você poderia dizer sobre a aparência de Zoey? Seja
sincero.
-Eu
a acho perfeita. Seu corpo tem a medida certa de tudo, e aquele vestido
justinho mostrou isso ao mundo. Seus cabelos soltos são de um castanho terra
que era de causar inveja em nosso Distrito. Seus olhos são quase negros e
enxergam mais do que a aparência, ela vê a alma da pessoa com quem conversa. É
inteligente, engenhosa e adora desafios. Seu irmão Zac a impedia de fazer
amigos e isso nunca nos ajudou...
-Me
conte como você se apaixonou por ela. –Caesar pediu, curioso.
-Nós
éramos novos, acho que ela tinha uns oito anos. Eu tinha dez, e o irmão dela
tinha nove incompletos. Eu sempre fui mais o rebelde do Distrito. Todos
evitavam com que seus filhos tivessem muito contado comigo por eu ser uma
criança problemática. Bem, o irmão dela veio me provocar falando de meus pais,
que já haviam morrido. Acabei partindo para cima dele, mas chamou amigos. Me
pegaram e começaram a bater muito em mim, estavam em maior quantidade.
-Já
sabemos que o irmão dela não é uma pessoa nada agradável... –Caesar constatou.
-Verdade.
Continuando, eu estava ficando muito machucado quando ela apareceu, gritando
com o irmão para que me deixasse em paz, que ele tinha começado. Zac discordou
e deu um tapa no rosto dela. –A plateia soltou uma exclamação e a câmera fez
close em meu rosto pensativo. –Ela não desistiu e praticamente voou em cima do
irmão dela. –Derek sorriu. –Ele com certeza não esperava que Zoey fizesse isso
e de tão surpreso, acabou estático no chão, olhando para ela com espanto,
enquanto seus amigos caçoavam dele por ter apanhado de sua irmã caçula.
Todos
riram nesse momento e eu imagino a cara de Zac, estupefato, em casa olhando
essa entrevista.
-Você
se apaixonou por ela nesse momento, então? –Caesar segura o riso.
-Mais
ou menos isso. –Derek admite.
-Bem,
meu jovem, boa sorte com sua companheira, pena que o tempo acabou, queria saber
mais sobre vocês.
Logo
eu e o garoto do Distrito 2 estamos falando com nossos ‘supervisores’ sobre
isso, pois nunca nos viram falando abertamente e nunca desconfiaram.
Eu
chego a rir vendo a entrevista de um garoto do Distrito 6, ele está dando
respostas nada discretas a Caesar, que também se matava de rir com suas
descobertas sobre o garoto.
Não
muito tempo depois, estamos recebendo um último conselho de nossos mentores.
Depois sou acompanhada até um aero-deslizador que me conduzirá até a Arena. Nos
sentamos em duas fileiras de assentos, uma mulher de jaleco branco percorre a
fileira, inserindo um rastreador em meu braço, assim como nos outros.
As
janelas da nave escurecem conforme o veículo se aproxima da Arena. Depois a
nave aterrissa num bunker. Cada um de nós é acompanhado por um Pacificador
passando por um longo corredor, até uma câmara privativa de lançamento, marcada
com minha identificação.
As
Salas de Lançamento estão localizadas diretamente embaixo da Arena, abaixo da Cornucópia.
Estou nessa sala agora... Estou tremendo... Recebi meu traje para os Jogos. São
idênticos para todo tributo. Então, no caso, temos uma calça preta com bolsos;
uma camiseta também preta; um casaco e botas estilo militar. Tenho um tempo a
sós com meu estilista, que me dá palavras de incentivo. Estando pronta, ele me
leva até o tubo cilíndrico que me leva a Arena, com o coração acelerado...
-SENHORAS
E SENHORAS, QUE COMEÇEM OS JOGOS VORAZES!
Ouço
antes de sair em disparada para a Cornucópia, pegar uma mochila, uma espada, e
matar uma garota nova do Distrito 3 que vinha em minha direção com uma faca. A
matei me abaixando, pegando o braço dela com a faca e enfiando em seu pescoço.
Nada mal, hein Zac?
-Zoey!
–Derek me avisa ao mesmo tempo em que desvio de uma flecha. Pego a faca do
pescoço da garota morta ao chão e acerto a cabeça do menino que tentara me
matar.
-Obrigada!
–Grito em sua direção.
Ficamos
de costas um para o outro, sendo um a defesa do outro. Alguns se juntaram a
nós, como a garota do 1 e os dois do 4. O resto ou estava morto, ou foragido na
floresta. Sei que vou morrer aqui, mas espero que Derek ganhe ou chegue perto
disso.
-Então,
Distrito 2, -a garota do 4 me encarou- para uma novata em qualquer coisa do
gênero foi bem.
-Obrigada.
Você é..?
-Blackbird.
Esse é Lionel. Prazer.
-Zoey.
Este é Derek. Prazer. –Derek soltou um grunhido baixo ao olhar para ela.
-Vamos
montar armadilhas por aí. –A garota do 1 decidiu.
Todos
concordamos e fomos montar armadilhas em duplas, cada um com seu Distrito,
menos ela que teve o garoto do mesmo Distrito morto pela garota do 10. Montamos
armadilhas em volta da Cornucópia, onde fizemos um acampamento. Saímos de lá
para procurar mais tributos. Ouço um barulho e atiro uma faca no arbusto ao
lado. Um grito é emitido e quando olho, é um menino do 9. O medo estampado em
seu rosto. Derek chega perto de mim, atento.
-Calma.
Calma... –Tiro a faca de sua perna, nada grave, vai sobreviver. Pego umas ervas
perto de mim e coloco sobre a ferida. –Não sou sanguinária se não sou ameaçada,
calma.
-T-tudo
bem... Viemos parar nessa loucura mesmo... –Ele reclamou quando o levantei.
-Derek,
não vimos uma caverna protegida perto daqui? –Pergunto.
-Sim,
há uns vinte metros de distância.
Nos
dirigimos a caverna, deixo o menino lá, com comida e água.
-Sobreviva
o quanto pude pelo seu Distrito, garoto.
-Sam...
Me chame de Sam.
-Certo,
Sam. Sobreviva o máximo possível pelo seu Distrito.
-Obrigado...
-Zoey.
Me chame de Zoey. –Retribuo o sorriso que ele me manda e saio da caverna.
-Por
que fez isso? –Derek me perguntou.
-Ele
é hábil com plantas e em se esconder, mas péssimo em fugir, correr longas
distâncias e atacar alguém. Se ele não tomar cuidado não vai durar nem um dia.
Conversamos
mais um pouco enquanto andamos e fomos atacados por um quarteto. Um era do 3,
dois eram do 7 e o outro era do 8, todos armados querendo sangue. Lançaram uma
lança em minha direção, Derek a desviou com suas duas espadas. Matei o
lançador, do 3, com uma faca na testa. Ambos do Distrito 3 já estavam mortos no
primeiro dia. Um garoto do 8 partiu para cima do Derek, acusando-o de matar sua
companheira, também amiga de longa data. Enfiei uma faca em seu tórax e a
medida que tentou saltar quando fiz isso, o abriu. Menos dois. Agora faltam o
do Distrito 12. Eles também tinham facas, mas o garoto tinha um tipo de
armadura abaixo da roupa, deve ter pego na Cornucópia. Derek matou a garota com
uma faca atravessando de corpo, e eu o matei com uma flecha que era do garoto
do 3, em sua nuca.
Daí,
fomos procurar um rio. Achamos um não muito longe. Limpamos nossas armas e
enchemos nossos cantis. Derek me baixou até minhas costas encontrarem a pedra
abaixo de nós. Estou deitada e ele se aproximando. Nos beijamos ‘algumas’
vezes... Parecia que nada disso tinha acontecido. Nada dos Jogos Vorazes. Nada
de mortes. Parecemos um casal de longa data no meio de um encontro.
-Não
se pode tirar o olho de vocês, hein? –Blackbird riu. –Vamos logo, casalsinho.
Já vai anoitecer.
-Ah,
fica quieta loirinha. –Derek estava com a expressão carranca. A expressão que
sempre ficava quando o dia era ruim ou estava irritado.
-Cala
a boca e vem logo, moreno revoltado. Vamos, Zoey? –Ela sorriu ao mencionar meu
nome.
Levantamos
e fomos ao acampamento. Durante a noite foram ouvidos 11 tiros. 11 tributos
mortos. Ajudei na morte de 6 deles, os outros 5 eu não reconhecia, mas Sam
perdeu a companheira. Descobri que o nome da garota do 1 é Sarah. E que seu
parceiro estava morto. Eram namorados, parece. Coitada. Mal dormi essa noite,
desconfiava de todos a minha volta, até mesmo um pouco de Derek.
A
manhã, ouvimos mais 3 tiros, indicando mais três tributos mortos. O pessoal
daqui deve quase ansiar a morte, pois mais 3 tiros foram ouvidos a tarde. Um
foi eu que matei. Outro foi Derek. O terceiro foi Blackbird. Ao contrário dela,
eu e Derek só matamos quando tentam nos matar primeiro.
Terceiro
dia dos Jogos: haviam 17 mortos no total. Sam ainda estava vivo. Sarah havia
morrido com uma colmeia de teleguiadas caindo em cheio em sua cabeça. Lionel
também havia morrido, comendo frutas que eram mortais para humanos. Sobrara eu,
Derek, Blackbird, Sam, um garoto do Distrito 5, um do Distrito 6 e uma garota
do Distrito 10. Blackbird tinha ficado minha amiga depois que a salvei de um
garoto do 8 e cuidei dos ferimentos dela. Derek havia estranhado, mas não falou
nada.
Quarto
dia dos Jogos: 19 mortos. Sam se foi. E eu matei seu assassino, que era o
garoto do Distrito 6. Sam morreu em meus braços. Fiz um enterro cheio de flores
brancas, e mostrei o símbolo de quando se perde um ente querido, o sinal com três
dedos em pé, o mindinho sendo segurado pelo dedão em direção à palma.
Derek
ficou preocupado comigo no ‘enterro’ do garoto. Eu estou mal até agora e nem
Blackbird entenderia, mas me reconheci no garoto quando o vi. O medo em seus
olhos, sendo bom e ruim em coisas que eu era...
-Hey,
Zoey, vem comigo. –Blackbird me puxou para longe quando Derek estava arrumando
nossas armas. Eu acabei confiando nela quando a salvei.
-O
que foi? –Perguntei um pouco apreensiva.
-Ah,
nada demais... –Ela sacou uma faca.
-O
que vai fazer com isso..? –É a faca que estava no meu cinto enquanto eu dormia!
O
garoto do Distrito 5 veio correndo da mata, pulou nela e a faca voou para perto
de mim. Ele fez sinal para que eu corresse. Levanto e começo a correr quando
penso nele. Veio me salvar. Pego a faca e olho em seus olhos, já sem vida.
Blackbird o matou com um golpe do pescoço.
-Agora...
–Diz ela ofegante. –Me dá essa faca e sua morte não vai ser tão dolorosa.
Não
perco tempo, saio em disparada para o acampamento. Dou de cara com a garota do
10, que me olha meio assustada, vê Blackbird e tenta correr, mas minha nova
inimiga a acerta com uma pedra na cabeça. Uma, duas, três, quatro vezes. O
corpo imóvel e sem vida da garota cai no chão, com olhos arregalados. Tem
sangue em quase todo lado. Até em mim.
Levando
e corro mais um pouco, Derek me vê quando grito seu nome, e vem em minha
direção como um raio. Mas não rápido o suficiente. Blackbird me dá uma rasteira
e caio no chão. Chuta minhas costelas antes que eu pense na faca que tenho em
mãos. Tenta pegar a faca. Derek a puxa pelos cabelos e joga na árvore com
violência. A faca está na mão dela agora, saiu da minha quando ela foi
arrancada de cima de mim.
-Saia
da frente, ou você vai morrer primeiro.
-Nem
vem, loirinha. –Derek quase vai para cima dela, mas a faca está entre os dois.
Vou
para o acampamento e pego o arco e as flechas. Corro para a cena, que já está
meio diferente. Derek tem vários arranhões nos braços, e Blackbird tem algumas
marcas vermelhas no rosto e em seus braços. Miro a flecha nela quando olha para
mim com escárnio. Lanço a flecha, ela desvia. Pego outra, ela joga a faca em
minha direção quando estou mirando, então não dá tempo de desviar. Recebo uma
facada no ombro esquerdo. A flecha voa a atinge no tórax. Ainda viva, ela
grita, esperneia, chuta e xinga a mim e Derek. Ele pega a flecha , sem tirá-la
do corpo da garota, e vai subindo, abrindo um rasgo em seu corpo.
-Isso...
–Ele falou com a carranca expressa em seu rosto. –É pela facada em Zoey.
A
flecha, ainda sendo movimentada é arrancada do corpo dela e um grito é ouvido.
Derek ainda não terminou. Voltou a enfiar a flecha no corpo de Blackbird, dessa
vez, movendo-a para baixo. A garota é quase cortada em dois.
-Derek...
–Sussurro para que não pense que dou uma ameaça.
-Zoey!
–Ele chega pero, retira a faca do meu ombro e cria uma tipoia com minha
jaqueta.
-SENHORAS
E SENHORES, TEMOS UM EMPATE NA ARENA! –A voz no rádio constatou. –VOCÊS SABEM
QUE SÓ PODE TER UM VENCEDOR! –Ouve-se um barulho estranho.
-A
TRANSMISSÃO FOI INTERROMPIDA. –A voz do Presidente Snow foi ouvida. –TIRAREMOS
VOCÊS DAÍ AGORA. –Uma nave veio nos buscar. Logo estávamos de frente a frente
com ele. –Como sabem, os Jogos Vorazes só pode ter um vencedor. Mas como estou
de bom humor hoje, deixo vocês dois livres e sendo ganhadores, mas viverão
aqui, e o final desses Jogos será modificado para que pareça que Zoey morreu da
facada. Nunca mais sairão da Capital, viverão em uma casa afastada e jamais
deverão sair em público. Chamem os Avox para servi-los sempre que quiserem
alguma coisa. Derek sairá daqui as vezes para ir ao Distrito 2. Ou ambos voltam
para a Arena para morrerem nas mãos de animais geneticamente modificados.
-Posso
fingir morrer de desgosto e vim ficar com Zoey ainda esse ano. –Derek afirmou.
Na
óbvia falta de escolha, decidimos a primeira opção, viver. Não tínhamos
sobrevivido aos Jogos à toa. A primeira dupla a sair dos Jogos. Uns meses
depois, foi dito em toda Panem que Derek acabou morrendo de overdose a bebida
quando viu sua vida livre de mim...
Agora,
tem outra pessoa para preocupar a Capital, e se chama Katniss Everdeen.